Tópicos abordados:
- Ora e Serve (considerações iniciais)
- A prece
- A Lei do Progresso
- Incompreensão
- O medo
- Catástrofes
- Trabalho e evolução
- Ora e Serve (conclusão)
Tópicos abordados:
Há sonhos bons e outros ruins. Todos deixam intuições preciosas para nosso cotidiano. Geralmente esquecemos do enredo no decorrer do dia, mas as lições são indeléveis e ficam registradas na memória.
Naquela noite fui dormir como de costume. Após algum tempo de sono profundo, vislumbrei um vulto descendo do céu sobre mim. Fiquei assustado! Eu aguçava a visão na tentativa de identificar quem estava se aproximando, mas meus olhos pareciam não me obedecer. Não era uma figura bem definida - os contornos estavam borrados. Já não tinha certeza de estar acordado ou ainda dormindo. Adormeci pensando no meu velho pai, que já não está entre nós, mas aquela figura mais parecia o Super-homem. Tentei então encontrar elementos que corroborassem minhas impressões, mas em vão. Não havia nenhuma capa esvoaçante, botas vermelhas, calça colante nem tampouco a letra “S” impressa no peito. Em lugar do topete sobre a testa, um velho chapéu de palha. Camisa riscadinha, calça de brim muito surrada e galochas compunham o vestuário daquela figura que descia em voo quase perpendicular ao local onde eu estava deitado imóvel, embora empreendesse esforço imenso para mexer os braços e balbuciar algumas palavras. Não era a minha cama. Mais parecia o chão da roça, recentemente arado. Já não sentia medo. Comecei a identificar naquele vulto muita semelhança com meu pai.
Por que a impressão inicial de que seria o herói dos quadrinhos que me acompanhou por toda a infância no interior? Ah, sim! A famosa cueca vermelha também fazia parte do traje. Meu pai, que se aproximava cada vez mais, apesar de estar vestido com sua costumeira roupa de trabalho, tinha uma cueca vermelha sobre a calça. Muito estranho, pois eu nunca o vira com essa peça do vestuário. Certamente esse detalhe foi o gatilho mental que me fez associar a imagem do meu pai com o Super-homem. Talvez pelo fato da minha estranheza no modo de vestir do personagem. Cueca sobre a calça não podia aceitar desde meus primeiros questionamentos. Seria falta de tempo? Minha avó sempre dizia que “a pressa era inimiga da perfeição”.
Antes do pouso, a imagem do meu velho foi esmaecendo até sumir…
Levantei de sobressalto. Já podia movimentar todos o membros e a sudorese umedecia meu rosto. Nada que a água gelada não pudesse restaurar. Ficou somente uma sensação boa, orquestrada pela lembrança do sonho e a saudade.
Feliz do pai que é herói e inspiração dos filhos!
Preciso, urgentemente, comprar uma cueca vermelha.
Paulo Jorge
9 de agosto de 2020
www.paulojorge.net.br
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Paulo Jorge - Artes: https://www.facebook.com/paulojorgeartes/
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Nasceu a segunda semente
No campo bem cultivado!
Nosso filho desejado
Já morava em nossas mentes
Foi numa tarde de março
Que surgiu alvissareiro
Até um surdo na esquina
Podia ouvir o berreiro
Foi crescendo inteligente
E muito bom na escola
É amigo de toda gente!
Mas se zangado, não cala
Contesta e repreende
Minha nossa! como fala!
Paulo Jorge dos Santos
(Cabo Frio - RJ, 2003)
Motivação: | Felicidade ao receber do meu filho, Thales, um desenho feito na escola, no Dia dos Pais. |
Data: | 2003 |
Local: | Cabo Frio - RJ |
Agora vejo
Vejo um raio de luz que brota da escuridão
Mas vejam que ironia...
Precisei da cegueira para saber que via
Agora ouço
A suave melodia que emana deste clarão
Mas vejam que ironia...
Precisei da surdez para saber que ouvia
Agora sinto suave aroma
Flores medram entre os espinhos
E como um pássaro deixo meu ninho
Voo e vejo cada vez mais longe
Tateio e nada encontro
Mas ciente, já não me abalo
Se no meu íntimo calo,
Falo, ainda que mudo:
- O nada não é somente nada
É simples aceno de tudo!
E vejam que ironia...
Precisei somente do nada
Para saber que existia!
Paulo Jorge dos Santos
(Cabo Frio - RJ, 2020)
Motivação: | Reflexões sobre a morte. |
Data: | 2020 |
Local: | Cabo Frio - RJ |
Tópicos abordados:
Hoje, a Babel que criamos
E onde trilhamos
Deixará de existir
Hoje, o velho e o moço
O certo e o torto
Poderão sorrir
Venha, me dê sua mão
E então, caminhemos pra luz
Que reluz
Venha, me dê seu abraço apertado
Um abraço de luz
Só o amor vence as diferenças
Entre todas as crenças
E nos leva a Jesus
Só o amor faz da vida um céu
Harmoniza a terra
E desfaz a Babel
Vamos todos amar… hoje
Um irmão abraçar… hoje
Vamos todos amar porque
Hoje, eu quero ver
Todo mundo se entender
Paulo Jorge dos Santos
(Cabo Frio - RJ, 2008)
Motivação: | Intolerância religiosa; Preconceitos diversos. |
Data: | 2008 |
Local: | Cabo Frio - RJ |
Mamãe, que cheirinho é esse?
- É o bolo que estou assando
Oba! Quero um pedaço!
- É da visita que está chegando
Mamãe, é aquele moço
Que vem sempre na eleição
Almoça com o papai
E na saída aperta a mão?
- Sim, meu filho, é ele
Troque a roupa e põe chinelo
Que o moço é distinto e fino
Mãe, do bolo que ainda quero
E que o cheirinho agora sinto
Será que sobra um farelo?
Paulo Jorge dos Santos
São Pedro da Aldeia - RJ, 28/12/2019, 23:22 h
Motivação: | Ano eleitoral; lembrança da infância. |
Data: | 28/12/2019, 23:22 h |
Local: | Cabo Frio - RJ |
Sonhei que dormia sono tão leve
E germinar via nossa semente
- Semente de amor
Que um dia plantamos
E ao germinar - o sonho me dizia -
Que era a mais linda, como eu nunca vira!
Com mais esplendor
Que o sol a raiar!
E ao despertar, pus-me a beijar-te
A imaginar que é tão normal
Do teu ventre nascer tão especial flor
Pois esta não passa de um ramo, senão
Deste tão lindo ser que afago com as mãos
E que és para mim, meu amor!
Paulo Jorge dos Santos
Niterói - RJ, 13/11/1987, 00:19 h
Motivação | Para minha esposa, por ocasião da primeira gravidez. |
Data: | 13/11/1987, 00:19 h |
Local: | Niterói - RJ |
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