Costumamos observar que na maioria das casas espíritas há uma cestinha, ou algo similar, para que coloquemos os nomes e endereços daquelas pessoas que estão passando por problemas graves, portanto, necessitando de orações. Esses dados, via de regra, são encaminhados às reuniões mediúnicas, onde a equipe de espíritos benfeitores e médiuns unem forças com o objetivo de ajudar o destinatário do pedido. Mas surge uma questão: os espíritos necessitam de endereço para localizar pessoas?
Enquanto alguns acham pertinente esse procedimento, outros argumentam que nas obras da codificação não há citação a esse respeito. E vão além, citando trechos das obras de André Luiz, com informações de que o pensamento é ação, que as comunicações em planos superiores se dão em vibrações mentais (..."O pensamento, em vibrações sutis, alcança o alvo, por mais distante que esteja"... - Trecho de Nosso Lar, Capítulo 30 - HERANÇA E EUTANÁSIA).
Certamente a comunicação em plano superiores dispensam palavras, ocorrendo por meio do pensamento. Contudo, o fragmento citado refere-se ao conselho de Paulina a seu pai, desencarnado, enfermo em Nosso Lar, portador de ódio contra o filho ingrato que promovia a desunião entre os descendentes que deixara na crosta terrestre. Emanações de um desencarnado para um encarnado.
Acredito que os nomes e endereços colocados para pedidos de oração junto às reuniões mediúnicas têm a finalidade de situar o dirigente da reunião, e não os espíritos envolvidos no trabalho. O dirigente, após a leitura dos escritos, dirigirá seu pensamento ao local; os espíritos engajados nessa tarefa captarão o pensamento do dirigente e cuidarão do restante do processo.
Perguntas:
1) Por que o autor da petição não faz pessoalmente essa tarefa, uma vez que o pensamento não possui fronteiras?
Não o faz porque seu pensamento está desorganizado diante das aflições oriundas do problema, não encontrando uma solução para o mesmo. Daí o pedido de ajuda à casa espírita.
2) Teria outra maneira do dirigente dirigir seu pensamento a um irmão necessitado, dispensando o endereço escrito?
Talvez em uma comunidade pequena... Mas o movimento espírita cresceu muito, os necessitados também. Dificilmente ele conheceria cada alvo dos pedidos de oração.
3) É necessário que ele leia os pedidos em voz alta?
Não! O livro do médiuns nos informa de que os espíritos captam os pensamentos e não os vocábulos.
4) Mas porque André Luiz não cita a necessidade de escrita do endereço em sua obra?
O movimento espírita cresceu muito da época em que a obra de André Luiz foi elaborada até os dias presentes. Nas cidades pequenas o contato entre o pedinte e o dirigente das reuniões era direto, ao passo que hoje, na maioria dos casos, eles não se conhecem. Ademais, as próprias reuniões mediúnicas mudaram de perfil. Já não há mais reuniões mediúnicas públicas como antigamente (se há, estão desalinhadas com as diretrizes da FEB).
5) Os próprios espíritos tarefeiros na reunião mediúnica não poderiam "ler" os pedidos, dispensando a leitura do dirigente?
Talvez possam, se forem evoluídos suficientemente, mas uma leitura diferenciada, captando as emoções que o autor imprimiu ao escrever... Todavia, são apenas conjecturas que carecem de comprovação. Não me recordo de nenhuma literatura a esse respeito, embora haja muitas obras sobre psicometria (percepções de um médium ao contato com um objeto).
Acrescento que essas considerações são pessoais e devem ser analisadas com mais profundidade.
Paulo Jorge dos Santos
(21/11/2011)